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ALFREDO GONÇALVES FILGUEIRAS


         Alfredo Gonçalves Filgueiras, nascido em 23 de julho de 1872, professor auto-didata desde os 18 anos, casado aos 22 anos, em S. José do Calçado, ES, com Maria Augusta Martins Pacheco, que passou a assinar Maria Martins Filgueiras, converteu-se aos 32 anos, lendo a Bíblia, à noite, à luz de lamparina, juntamente com sua esposa, e ouvido por sua filha mais velha de 9 anos, as quais também se converteram nessa ocasião. Isto ocorreu no mês de agosto de 1905, no então distrito do Divino do Carangola, Minas Gerais. A Bíblia de que se serviu foi tomada de empréstimo ao Padre daquela paróquia, à época, com o fim de se instruir dentro da orientação religiosa que professava, para ajudar seus familiares, também ali residentes, a não se desviarem do ensino que entendia como certo, já que estavam sendo visitados por um servo de Deus que lhes anunciava o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Pela graça do nosso Deus e Pai, antes de 3 semanas voltou ao Padre para lhe devolver o empréstimo, dizendo: “Já sou um crente no Senhor Jesus e vou adquirir uma Bíblia para mim”. Porém, logo se deparou com um problema: passou a ser assediado por um pastor presbiteriano (Matatias Gomes dos Santos) e um metodista (o pastor Brito), cada um querendo a ovelha para o seu rebanho. Ficou chocado, por ver que havia divisão entre os protestantes; foi quando um dos filhos de D. Adelaide Belo mostrou-lhe que podia ficar com o que as duas igrejas (presbiteriana e metodista) tinham em comum, a fé em Cristo, porém em um terreno livre, e assim começou a se reunir com os seus familiares diariamente para a leitura da Palavra (não havendo outros crentes na localidade), hábito que conservou com fidelidade até vir a falecer aos 90 anos, mesmo nos dias finais, no hospital como o filho que o acompanhava ali. Este contou-nos que na manhã do seu último dia aqui na terra, cerca das 6 horas, depois de lerem a Escritura, ele orou louvando ao Senhor por todos os seus dias de vida e, cerca das 8 horas, olhando pela janela, observou que o dia estava escuro, chuvoso, a que o filho, sem perceber que era a vista que lhe estava faltando, disse-lhe: “Não, Papai, está uma bonita manhã de abril”, ao que ele retrucou imediatamente: “É festa no céu pela minha chegada”. Foram suas últimas palavras. Entrou logo em coma, falecendo às 14:15 desse mesmo dia - 8 de abril de 1962 -, na Real e Benemérita Sociedade de Beneficência Portuguesa, RJ.

         Era domingo e se estudava naquele dia uma lição da Escola Dominical cujo texto áureo se acha em II Tm 4.7-8  “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda”.

         Viveu muitos anos na Zona da Mata, na região limítrofe dos Estados de Minas, Rio e Espírito Santo, onde sempre manteve e dirigiu o Colégio Filgueiras, educandário que serviu à mocidade dessa região por várias gerações, continuando em Vitória, ES, onde dirigiu a Escola Superior de Comércio, de 1932 a 1945, quando se jubilou e em 1950 transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde veio a falecer.

         Em sua longa peregrinação, ao lado da instrução secular e educação da mocidade, preparando cidadãos brasileiros, testemunhava de sua fé em Cristo e foi um obreiro do Senhor - evangelizando e edificando os crentes, tendo sido instrumento nas mãos de Deus para conversão de centenas de almas para a formação de inúmeras igrejas locais seguindo os princípios bíblicos.

         Pouco deixou escrito. Era evangelista e pastor-ensinador, com muito empenho e temor. Louvado seja o Senhor! 

Extraído de "Estudos Bíblicos por Alfredo G. Filgueiras" (Publicação Póstuma)






 Colégio Filgueiras (1914), em Bom Sucesso - RJ, perto de Faria Lemos, zona Rural



                                                 
"COLLEGIO FILGUEIRAS" em Divino do Carangola - Minas Gerais - 1902/1903
Este prédio depois foi sede do Grupo Escolar Estadual, depois demolido e construido outro Grupo Escolar no mesmo local.
          

À esquerda Alfredo (1), ao lado Conceição (6) e sentada junto a Conceição, Laura Garcia (7), depois . Chiquinho (2) em pé, à esquerda do globo. Nenzinha (3) sentada, é a 3a da esq. para dir.. Ao alto, à direita, em pé na fila de trás o Crisanto Filgueiras (4), abaixo do Crisanto está o Abílio Filgueiras (5), em pé entre dois outros.

                Colégio Filgueiras e Escola Superior (ou Academia) de Comércio - Vitória – ES



                RECORDAÇÕES DE ANTIGOS ALUNOS


        "É com saudades e emoção que me recordo do saudoso professor Alfredo G. Filgueiras - meu professor e guia espiritual.

        O Sr. Alfredo mudou-se para Bom Sucesso, RJ, onde iniciou as aulas do Colégio Filgueiras, e reuniões evangélicas no seu lar.

        A primeira reunião que eu e meus pais assistimos, houve distribuição de folhetos evangélicos. Minha mãe, que, sendo católica romana, vivia indagando: “Será que Deus não deixou uma prova para ter certeza da salvação da alma?”, achou a resposta no folheto “Segurança, Certeza e Gozo”, que recebeu na referida reunião, e converteu-se ao Senhor Jesus. Eu me converti um ano depois, e meu pai logo após. Até 14 anos eu não sabia que havia Bíblias no mundo. Lembro-me que no colégio Filgueiras, eu e Maria Neves (minha prima), à hora do recreio, preferíamos ir à cozinha para um lanche. Ai D. Maninha, esposa do Sr. Alfredo Filgueiras, anunciou o Evangelho para nós duas. Maria Neves foi a única pessoa convertida na grande família Neves. Ela contava sua conversão: “Foi numa tarde quando li o folheto “O jovem Tambor”, que conheci o amor de Cristo e me entreguei a Ele.” Foi perseguida pela família, mas ficou firme até o fim. Já foi para o Senhor.

        A igreja cresceu com muitas conversões. O Sr. Alfredo residiu em Bom Sucesso apenas dois anos, e quando mudou-se para Faria Lemos, MG, as reuniões passaram para nossa casa. O Sr. Alfredo e o missionário Sr. Mc Nair davam assistência uma vez por mês à Escola Dominical, que deixara em Bom Sucesso e era dirigida por minha mãe e mais duas irmãs, também crentes recém-convertidas.

        No dia em que o Sr. Alfredo se despediu da igreja em Bom Sucesso, deixou-nos a linda mensagem de Atos 20:32 “E agora entrego-vos aos cuidados de Deus e da mensagem da Sua graça. Pois Ele pode ajudá-los a progredir espiritualmente e dar-lhes as bênçãos que guarda para todo o seu povo”. E a igreja provou a fidelidade de Deus”.   

 

Laura Garcia Goldsmith

Fervedouro, 1982

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 "A quem honra, honra". Rm 13.27
           "Estava eu aproximadamente com dezessete anos quando tive a felicidade de frequentar, apenas por uns oito meses o colégio do Professor Filgueiras.
                Nessa ocasião o Sr. Alfredo Filgueiras já era amigo de meus pais e apesar de ser o único filho homem, e que nossa idade iria fazer muita falta para ajudar meu pai na lavoura, pois a nossa situação econômica era muito precária; dado porém ao grande interesse de meus pais que eu frequentasse o colégio do Professor Filgueiras, abriram mão da minha ajuda. Por uma concessão toda especial, fiquei interno, convivendo com a família sem que fosse exigido o pagamento de minhas despesas.
                Depois de algumas semanas, o Sr. Alfredo Filgueiras dirigiu-se a mim e falou: "Joaquim, pega a vassoura e varre o salão de aulas". Eu tomei da vassoura e varri ligeiramente o salão. Passados momentos, ele veio, deu uma espiadela pela sala e não me disse nada. Quando fomos para a aula de caligrafia foi-me dado para copiar a seguinte frase: "Quando fizeres uma cousa, faça-a de uma vez".
                 Esta foi uma das maiores lições que me foi ministrada pelo grande educador que foi o inesquecível Professor Filgueiras. Hoje estou com oitenta e cinco anos (1981), e sou um dos poucos ex-alunos sobreviventes ao Professor Filgueiras e que mais intimidade manteve com ele, dada a nossa identidade religiosa e ideológica. O Professor Filgueiras fez do seu magistério e ministério cristão um verdadeiro sacerdócio - Viveu realmente aquela frase que exarou naquele meu caderno de caligrafia, que também deu um novo sentido à minha vida, não tão acentuado como devia ter sido.
                  Minha mãe era professora na roça, e naqueles tempos ser "professora", mesmo na roça, era uma distinção. Era muito religiosa, criada no catolicismo, muito apegada aos dogmas da Igreja Católica Romana.
                Em um certo dia, um senhor que estava de viagem aproximou-se de nossa casa, pediu licença, pois foi atraído pelo cheiro da garapa fervida, da qual minha mãe estava cuidando. Disse que apreciava a garapa quente e desejava tomar um pouco.
                   Satisfeito o seu pedido, iniciou jma palestra com minha mãe. Nesta ocasião eu estava com mais ou menos com 10 anos. A palestra versou sobre religião e o cavalheiro perguntou a minha mãe se ela conhecia a Bíblia. - Ela respondeu que tinha uma Bíblia, mas nunca a havia examinado; então ele aconselhou-a a estudá-la.
              Esta conversa despertou-lhe o interesse pela sua leitura, dando em resultado a sua conversão. Quando ocorreu a notícia que minha mãe "virou protestante" veio nos visitar um crente por nome Jerônimo Mendes Porte, e por seu intermédio o Professor Alfredo Filgueiras foi convidado a nos dar assistência espiritual. Assim começaram as nossas relações cristãs que perduraram durante toda a sua preciosa vida. 
                Foi ele que realizou a primeira pregação em nossa casa onde compareceram muitos convidados, alguns dos quais se converteram a Cristo. Nessa reunião esteve presente um nosso amigo, cuja esposa já era crente. O nome do casal é Darcet Batalha e Julieta Lima Batalha, que ajudaram muito no canto dos hinos, pois ela, especialmente, tinha uma linda voz.
              A mensagem foi sobre "a salvação pelo olhar da fé" baseada em Números 21.8b - "Eis que viverá todo o que olhar para ela". e João 3.14-15 -  "Assim importa que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna".
               Nessa ocasião o Professor Filgueiras morava em Santa Clara, RJ, e desde então começou o nosso relacionamento com toda a família. Ora vinha a nossa casa para trazer-nos a Palavra de Deus, ora íamos às reuniões em sua casa. Nesse convívio todos os membros de nossa família foram convertidos.
                Mais tarde, em conversa sobre a nossa conversão, ficamos sabendo que a pessoa que despertou minha mãe a examinar as Escrituras era um irmão do Professor Filgueiras - O Sr. Cristiano Filgueiras.
              Quando o Professor Filgueiras mudou-se para Bom-Sucesso, outro local do Est. do Rio, é que fui frequentar o seu colégio."

Joaquim Alves Mafra
Itaperuna, 1981 


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             "No dia 24 de agosto de 1913 o Professor Filgueiras foi convidado a pregar o Evangelho em Ouro-Fino (hoje Ourânia), RJ, em casa do Sr. Pantaleão Nunes. Minha mãe, conhecida por D. Melota, viúva, foi convidada e toda a família, para ir assistir à pregação.
              Atenderam o convite os seguintes membros de nossa família: eu, Margarida, minhas irmãs Maria Carmelita (Nenê), com seu esposo Lino Machado, e Paulina (Zinha), meus irmãos Joaquim Paulo (Quimquim), com sua esposa Olga Tinoco e Luis Paulo (Lilico), e também meu cunhado Luís Paulo (Lulu), e mais um amigo conhecido por Antonio Campista.
            O Professor Filgueiras apresentou a mensagem apoiado no texto bíblico sobre o sacrifício de Isaque, como se encontra em Gênesis 22.1-14.
            A mensagem foi tão poderosa que todas as nove pessoas acima mencionadas se converteram naquele momento, saindo dali completamente transformadas espiritualmente. Todos permaneceram firmes na fé no testemunho cristão, sendo que já estão com o Senhor, restando eu e meu irmão Luis Paulo (Lilico), que já contamos respectivamente 86 e 89 anos (1981).
                  A minha conversão se deu, pois, em 24 de agosto de 1913; estava então eu com 17 anos.

Margarida de Oliveira Mafra
Itaperuna, 1981


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EXTRATO de uma carta assinada por Joaquim Alves Mafra, dirigida aos irmãos da Rua São Carlos, Rio, datada de Itaperuna, RJ, 10 de maio de 1955:
"Alfredo Filgueiras... vem prestando sua contribuição eficiente e preciosa na obra do Senhor há mais de 40 anos e por onde tem passado vai deixando os sinais inapagáveis da sua obra, seja na conversão de almas pelo seu ministério, seja na edificação e ensino ao povo de Deus, seja no preparo intelectual e moral da juventude... é sem favor algum um daqueles de quem as Escrituras nos dizem: "tende-os em grande estima por causa da sua obra". 

 


3 comentários:

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  2. A foto das crianças, alunas do Colégio Filgueiras, aconteceu na localidade denominada Balança, próxima a Fazenda do meu avô. Creio que na fila de traz, o que está no meio seja o meu pai Horácio Garcia Teixeira. que na época (1913) estava com 12 anos. Nessa foto parece muito comigo, em fotos da época que estava com mais ou menos esta idade.

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  3. Entre 1910 e 1914 o Professor Alfredo Filgueiras esteve com o seu colégio no Município de Porciúncula. De 1910 a 1912 em Santa Clara, 3ª Distrito do Município. De 1913 a 1914 na localidade chamada Balança, em Bonsucesso, próxima a Fazenda da Pedra de propriedade do meu avô Geraldo Garcia Teixeira, em Purilândia 2º Distrito do Município. Em 1915 ele foi com o seu colégio para Faria Lemos, onde ficou até 1932, indo então para Vitória. -
    INÍCIO: SANTA CLARA (3º DISTRITO)

    Em 1905, converteu-se o Professor Alfredo Gonçalves Filgueiras, juntamente com sua esposa e a filha mais velha, somente pela leitura da Bíblia. O Professor Filgueiras, muito consagrado dedicou-se à obra, evangelizando por onde passava e residia, instalando o Colégio Filgueira, ensinando as letras e transmitindo a mensagem da salvação. Foi o instrumento de Deus para a conversão de centenas de almas, que se renderem aos pés do Senhor Jesus, contribuindo para a evangelização, formação e edificação de diversas igrejas locais na região compreendida entre Divino do Carangola e Itaperuna.

    Do Divino, onde se converteu, estabeleceu-se em Santa Clara (RJ) em janeiro de 1910 (na época pertencia ao município de Itaperuna), abrindo um colégio em uma propriedade próxima a Vila, conhecida como Fazenda do Ouro, dando início às aulas e ao mesmo tempo, ao primeiro trabalho evangélico no município de Porciúncula.

    - CONVERSÃO DE GERALDO GARCIA E FAMILIA - PURILÂNDIA (2º Distrito)

    No início do ano de 1913, passou a residir na região de Bonsucesso, no local conhecido como Balança (Purilândia 2º Distrito) onde instalou o Colégio, próximo a propriedade agrícola do Sr. Geraldo Garcia Teixeira (1873-1964) e de sua esposa Dona Horacina Alves Teixeira, que se converteram juntamente com os filhos. O Sr. Alfredo Filgueiras contou neste período com a colaboração do Sr. McNair e do Sr. George Howes, os quais ficavam em sua casa.

    A fazenda do casal, a partir de 1913, passou a ser o local de reuniões da Igreja que ali se formou. O Senhor Geraldo Garcia e Dona Horacina eram os pais de Horácio Garcia Teixeira (1901-1979), Laura Garcia (1889-1988) e mais 03 (três) filhos que faleceram ainda jovens. Dona Laura Garcia Goldsmith (conhecida por Lalita), casou-se com o missionário inglês Willian Johns Goldsmith (chegou ao Brasil em 1929), dedicando sua vida para a evangelização e o trabalho com as crianças. É importante registrar, que a referida Igreja chegou a ter mais de 50 membros em comunhão.

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