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GERSON ANTUNES



Gerson Antunes nasceu em 06 de agosto de 1889, em Caxias, estado do Maranhão.
De família pobre, talvez descendente de escravos, tudo indica que teve acesso a alguma instrução, pois, às vezes, escrevia para um jornal de sua cidade e tinha um bom conhecimento musical. Tocava pistão.
De sua família sabemos apenas que deixou, no Maranhão, duas irmãs.
Ainda bem jovem, teve que deixar sua cidade, pois ousara escrever um artigo, em um jornal local, contra um juiz que fraudara uma eleição. Para não ser preso, fugiu para São Luís, capital do estado. Não se sentindo seguro ali, tomou um “Ita do Norte”, que era um tradicional navio, e foi para Salvador, Bahia.
Com poucos recursos, aceitou o emprego numa barbearia, onde não se adaptou, haja a vista sua falta de habilidade com as mãos.
Deixando o emprego, ficou a perambular, pelas ruas de Salvador, acabando por se ajuntar a um grupo de músicos boêmios. E, nas serenatas, foi acostumando-se com a bebida, chegando mesmo a viciar-se com álcool.
Vivia da generosidade dos companheiros de boemia e de alguma coisa que ganhava quando tocava seu pistão nos bares da cidade. Assim sendo, ficou numa situação bem difícil; roupas em mau estado, sapatos furados, caminhando para se tornar mais um mendigo na cidade de Salvador.
Às vezes, quando se lembrava dessa fase de sua vida, dizia, comovido: “Cheguei a catar ponta de cigarro nas ruas para fumar”.
Assim, neste estado deplorável, ia andando pelas ruas,  bebendo de botequim em botequim, pois não faltava alguém que lhe pagasse uma dose.
Num domingo à noite, passando já bastante embriagado por uma rua, ouviu o cântico de uma melodia. Como  era grande apreciador de música, procurou ver de onde partia aquela canção.
Era uma Casa de Oração, onde um coral cantava um hino. Foi convidado e lhe deram um lugar para sentar. Naquele momento, só pode apreciar a música, pois o álcool não lhe permitia entender direito o que estava sendo dito.
Atraído pela música e pela maneira como foi tratado, voltou. Agora, já não tão embriagado, pôde ouvir e entender a pregação. Quem estava pregando era o irmão Edward Percy Ellis. Falava sobre Elias e os profetas de Baal, fazendo a leitura de 1 Reis, 18.
O pregador falou sobre o versículo 21, onde é feita a pergunta: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-O; e se Baal é deus, segui-o.” Estas palavras o sensibilizaram, não lhe dando mais sossego.
Depois de alguns dias de reflexão, respondeu à pergunta, entregando-se ao Senhor Jesus para segui-Lo e servi-Lo pelo resto de sua vida. Deus usou o cântico de um coral para transformar aquela vida que estava caindo na mais negra perdição; perdição da vida física e, o que é mais terrível, perdição da alma.
Ele dizia: “Tirou-me do mais profundo abismo”.
                Por isso, apreciava tanto corais, organizando bons corais em alguns lugares onde morou.
                O Sr. Ellis se interessou por ele, vendo que, apesar de ter caído tanto na vida social, era uma pessoa inteligente e de bons princípios.
                Sr. Ellis tinha uma representação de produtos farmacêuticos em Salvador e empregou  Gerson Antunes em seu estabelecimento.
                Por volta de 1918, ou 1919, o Sr. Ellis transferiu-se para o Rio de Janeiro, trazendo em sua companhia Gerson Antunes como seu funcionário.
                Em 1920, o Sr. McNair, morando na zona rural de Conceição de Carangola, MG, promoveu ali a terceira Escola Bíblica, dando oportunidade a vários moços crentes de estudarem a Palavra de Deus e também receberem alguma instrução. Ali tiveram o privilégio de receber ensinamentos de grandes conhecedores da Palavra de Deus, dentre eles, o renomado  Harold St John, que além de muito erudito, era, acima de tudo, um consagrado e piedoso servo do Senhor.
                No final do período escolar que durou quatro meses, os alunos da Escola Bíblica receberam uma carta de Joaquim Paulo de Oliveira solicitando uma visita a Barreiros, onde o Evangelho estava se iniciando. Gerson Antunes e Joaquim Alves Mafra se dispuseram a fazer a visita.
                O Evangelho no município de Itaperuna e região, teve início em 1913, com a colaboração do irmão Alfredo Gonçalves Filgueiras. Nessa localidade iniciou um trabalho Evangélico que logo se estendeu com a conversão de Virgílio Tinoco Machado, que era proprietário de uma fazenda em Barreiros, Valão e indo até à cidade de Itaperuna.
                Com a visita a Barreiros, Gerson ficou conhecido dos crentes dessa região.
                Logo que terminou o período da Escola Bíblica, Gerson Antunes voltou para o Rio de Janeiro.
 Algum tempo depois, o irmão Ellis acabou com o comércio, pois precisava dedicar-se mais à obra do Evangelho que crescia naquela cidade, ficando o irmão Gerson sem emprego. Como mostrava habilidade como professor , foi convidado, por volta de 1927, por Joaquim Paulo de Oliveira, a lecionar para seus filhos e outras crianças da fazenda e de vizinhos. Assim Gerson Antunes foi para essa região.  Ministrava os ensinos seculares e cooperava com a obra do Senhor, pregando o Evangelho e ensinando as doutrinas Bíblicas para aqueles que desejavam ingressar na Obra.  
Casou-se em 1928 com Herondina Bastos, filha de um colono de uma fazenda onde lecionava.
Em janeiro de 1929 nasceu o primeiro filho, Eleazar. Teve mais três filhas: Tirza (que morreu na infância), Milca e Naltina.
Em 1930, com a crise do café, muitas famílias, principalmente da região do Valão, mudaram-se para o Rio de Janeiro ou para a região do Rio Doce, escasseando o número de alunos. Como em Barreiros havia melhores condições de vida, e portanto maior número de alunos, ele optou por mudar-se para lá. Abriu uma escola em frente à sede da Fazenda, junto a casa em que residia.
Com a mudança do Sr. Mc Nair para Teresópolis, em 1933, a Associação das Casas de Oração ficou com a propriedade que o mesmo havia adquirido no morro que fica atrás da casa de Oração, onde foram construídos uma residência e um galpão para moradia de obreiros itinerantes e uma sala de Estudos Bíblicos. Ali, Gerson Antunes passou a residir, lecionando um curso básico para as crianças da região e também organizando o Instituto Evangélico, onde muitos moços vieram estudar não só, e principalmente, as verdades Bíblicas, mas também as bases da língua para melhor desempenhar o Trabalho do Senhor. Ali trabalhou até 1934, cooperando com a Igreja nos ensinamentos da Palavra e na evangelização. Formou, como já havia feito no Valão, um grande coral, levando a mensagem cantada a muitos lugares.
Em 1935, os diretores do Instituto Evangélico acharam conveniente transferi-lo para Carangola, MG. Sendo o professor Gerson o diretor, mudou-se em janeiro deste ano para lá. A Associação adiquiriu ali uma chácara de uns três alqueires de terra onde havia uma casa de morada bem grande. Construíram alojamentos para alunos internos, um refeitório e uma cozinha e um salão para aulas. Essa propriedade ficava a dois quilômetros do Centro da cidade.
O Instituto Bíblico de Carangola funcionou até 1939. Com o desencadear da 2ª Guerra Mundial, em setembro deste ano, houve a necessidade de muitos alunos voltarem aos seus lugares de origem e também os recursos para a manutenção da organização ficaram mais difíceis.
Como o Professor Gerson, apesar de autodidata, era um bom conhecedor de línguas, dominando bem o inglês, o irmão Alfredo GonçalvesFilgueiras, que era o diretor proprietário da Academia de Comércio de Vitória, ES, convidou-o para lecionar inglês em seu estabelecimento de ensino. Assim, ele transferiu-se para Vitória-ES, no princípio de 1940. Lá trabalhou lecionando e cooperando com o trabalho dos irmãos que estava se desenvolvendo naquela cidade.
                               ESCOLA SUPERIOR DE COMÉRCIO - VITÓRIA-ES

Sua esposa adoeceu e ele, que há algum tempo vinha sofrendo de hipertensão, teve seu estado de saúde agravado.
Com o agravamento de sua doença e a de sua esposa, ele escreveu para o irmão Joaquim Alves Mafra, com quem tornou-se muito amigo, para que fosse busca-lo. Assim, em março de 1943, o irmão Joaquim Mafra foi à Vitória e os levou para Itaperuna. Foi alugada uma casa para sua esposa Herondina, que já estava em fase terminal, ficando ela em companhia de sua mãe, Dona Rita, e mais uma pessoa que cuidava delas. O professor Gerson ficou na casa de Joaquim Mafra. Ele já estava cego, com dificuldade para andar, falar e até engolir.
Mesmo com todo o sofrimento físico e emocional, pois tinha que ficar separado da esposa, jamais reclamou e, nos momentos em que as dores aliviavam, se mostrava alegre, procurando, mesmo com dificuldades, passar algum ensinamento para os que o assistiam.
Um ex-aluno escreveu para ele dizendo que “ficava perguntando por que um servo tão dedicado sofria tanto?” Então ele, que já não podia mais escrever, pediu que respondesse a carta dizendo: “Não pergunte porque, mas para que.”
Herondina faleceu em junho de 1943, três meses após ter chegado em Itaperuna. Professor Gerson ficou na casa do irmão Joaquim Mafra até agosto deste mesmo ano, quando foi levado para Barreiro, onde ele dizia ser o lugar onde queria morrer. Lá ficou na casa de Jaime Tinoco Resende, onde veio a falecer em 09 de setembro de 1943.
Foi um grande conhecedor das Escrituras e tinha um dom especial para transmiti-las. Foi também um servo fiel. Viveu sempre no desejo de servir ao Senhor, procurando passar, especialmente para a mocidade, aquilo que aprendia no Estudo da Palavra de Deus. Hoje, temos certeza, ele já recebeu do Senhor... “Bem está o servo bom e fiel.. entra no gozo do teu Senhor.”
Da obra de Gerson Antunes poderemos destacar a composição de alguns hinos e a tradução de outros. Dentre eles estão, no Hinário Hinos e Cânticos, compostos por ele: Eternidade (nº 106);  Jesus o Senhor (nº 397); Maravilhoso Senhor Jesus (nº 443) e é a sua tradução dos hinos: Os meu pecados todos (nº 387);  A Beleza de Cristo (nº 756) e de um hino avulso: Um Dia no Calvário.      
 A Maioria do texto foi extraído de recordações de:
DÉBORA MAFRA PINTO, ex-aluna de Gerson Antunes

3 comentários:

  1. Por favor, entre em contato comigo. Gostaria de ter mais informações sobre Virgílio Tinoco Machado, avó de minha avó.

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  2. Ele é meu bisavô muito orgulho da sua história

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