William Anglin nasceu no dia 21 de outubro de 1882, na
Inglaterra. Morava em Stockton-on-Tees, cidade industrial, onde foi um bem-sucedido diretor de uma siderúrgica e muito abençoado em sua vida material, de tal maneira que, ao alcançar os quarenta anos, se encontrava financeiramente independente, podendo passar o resto de sua vida em conforto.
Foi nesta ocasião que ele ouviu a chamada de Deus para o seu serviço, que veio por meio de um trecho da Palavra de Deus lido em uma reunião de oração. Eis as palavras: "É para vós tempo de habitardes nas vossas casas estucadas, e esta casa há de ficar deserta? (Ageu 1.4).
Era membro na Igreja em Stockton-on-Tees, e lá, foi superintendente de duas Escolas Dominicais, que funcionavam em horas diferentes. Dirigia diversos trabalhos entre crianças e uma classe para moços durante a semana.
Em 1920 foi recomendado para a obra missionária, e no dia 3 de setembro de 1926 desembarcou no porto do Rio de Janeiro, no navio, ASTURIAS. Tornou-se companheiro de
evangelização do Missionário Stuart Edmund McNair, juntamente com os também
missionários Albert Henry Storrie, William John Goldsmith, atuando por toda a
região da Zona da Mata, região limítrofe entre os estados de Minas Gerais, Rio
de Janeiro e Espírito Santo.
Sr. Anglin evangelizou a região percorrendo lugares muitas vezes com difícil acesso, e muitas vezes montado no burro chamado Figurão.
Em
1931, em Carangola-MG, comprou terras de um senhor chamado Piragibe,
aumentando o terreno que fora inicialmente de Mc Nair e depois de Albert Storrie.
Esse sítio ficou sendo a sede da associação cristã, e depois, construiu uma casa onde
passou a residir seu sucessor, William Arthur Wood, e posteriormente, em 1967, o casal Jones e a missionária Phyllis Mary Dunning (Tia
Phyllis) até a sua partida em 2013.
William Anglin continuou e manteve o
trabalho de alfabetização de crianças, atuando também como professor. Nas
férias escolares costumava levar as crianças para a praia de Marataízes-ES.
Ajudou os irmãos missionários Kenneth Jones e William Arthur Wood no aprendizado da língua portuguesa e adaptação no Brasil.
Antiga Escola em Conceição do Carangola-MG
Despontou também como hinólogo, participando
no hinário “Hinos e Cânticos” como autor, tradutor e adaptador de 63 hinos e
cânticos, dentre eles, de sua autoria: “Vinde Já” (HC 103); “Seu Infinito Amor”
(HC 509); e “Graças Damos” (HC 764). (Vide
abaixo relação completa). Costumava sentar debaixo de uma árvore chamada Sapucaia, em Conceição de Carangola, e ali escrevia letras e adaptações para os hinos.
Publicou,
adaptando e ampliando a terceira edição do livro “História do Cristianismo”, de
A.E.Knight, pela Casa Editora Evangélica de Teresópolis. (Hoje, publicado pela
CPAD).
Após um problema de saúde, em 1960, voltou para a Inglaterra para tratamento. Com muitas lágrimas deixou o Brasil dizendo: "O Brasil é a minha Pátria!".
Rio de Janeiro, maio de 1960. Por ocasião da despedida do Sr. Anglin, em sua passagem pelo Rio de Janeiro antes do embarque para a Inglaterra. Sr. Arthur viajou com ele em companhia a bordo do navio Amazon. Irmãos da esquerda para a direita: Sr. mackins (suiço);
William Arthur Wood;
Kenneth Jones;
Leslie Melfel Evans; William Anglin (Sentado);
Olaf Ellis;
Edward Percy Ellis;
David Glass; Louis Palmer;
Harold Henry Cook. Irmãs da esquerda para a direita: Sra. Mackis; Daisy Evans; Millicent Palmer (Mimi); Elizabeth Hunter Ellis; Dora Glass; (As duas da direita não identificadas). Crianças: (Os três meninos da esquerda não identificados); no colo da Mimi, Valerie Ellis; e as crianças da direitasão os filhos do casal Glass; Charles no chão; Doroth no colo da mãe Dora e Philip no outro colo.
William
Anglin partiu para o Senhor no dia 7 de setembro de 1965.
Livro "História do Cristianismo" publicado pela Casa Editora em Teresópolis-RJ
Prefácio da terceira edição
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O
que se segue é a descrição do perfil de um pregador, feita por William Anglin, ao
escrever para os britânicos. Por esta razão, há detalhes que para os
brasileiros parecem comuns e óbvios, mas para os britânicos não são.
O
pregador sai montado em um cavalo, levando sacos de sela de couro, contendo seu
kit para a viagem. Ele é acompanhado por um irmão nativo (não carregando
qualquer bagagem) que serve como guia ou ajudante. Começa após o café da manhã
e caminha até o final da tarde, viajando de trinta a sessenta quilômetros sob o
sol tropical, sobre colinas, vales, passando por fazendas de café, atravessando
florestas, cruzando riachos e rios, desviando de buracos, até cerca de quatro
horas da tarde, quando ele chega na próxima parada. A chegada é anunciada por quatro
ou cinco cães que correm como se quisessem devorar os cavalos e os homens,
latindo furiosamente, até que um menino pequeno vem e os ordena de volta, em
que se recolhem com a cauda para baixo e reconhecem imediatamente os
recém-chegados como amigos. Esta casa, digamos, é a de um trabalhador agrícola.
É feita de um áspero trabalho da madeira, com paredes e assoalhos da argila. A
mobília consiste em assentos feitos com blocos de madeira; e cavaletes com
tábuas colocadas em cima, servem como camas. Outras camas são feitas de
esteiras de palha que serão colocadas no chão quando chegar a hora adequada para o
cansado repousar. Se o proprietário da casa está acostumado a realizar reuniões
lá, ele provavelmente terá também um par de formas, e possuem uma caixa em
pernas para atuar como uma mesa. A acomodação de assentos é amplificada por
pranchas de madeira ou em caixas. Tendo desmontado dos cavalos (que estão
desarmados, arrumados, alimentados com milho e conduzidos ao pasto por um filho
da casa), nós (o Pregador e a companhia) entramos na casa e o pai, a mãe e
possivelmente uma dúzia de crianças avançam para apertar as mãos, incluindo a
criança de dezoito meses, enquanto o bebê, um ano mais novo, carregado por uma
irmã mais velha, é trazido para estender os braços e apertar as mãos. Depois de
um tempo, a cada um de nós é oferecida uma pequena xícara de café preto. A
refeição da noite ou jantar levará cerca de duas horas para ser preparado, a família
já jantou. A refeição consiste em três itens, feijão preto, arroz e um mingau
feito de farinha de milho que o chamam de "Angu". Os dois primeiros
são misturados com gordura de porco, e este último carece de sal. O mesmo menu
serve para as duas refeições diárias. Quando tudo está pronto somos convidados
a entrar na cozinha, que é geralmente o maior cômodo. A lareira (Fogão a lenha)
não tem chaminé, e parte da fumaça sai através de um buraco na parede, feito
para esse fim; o resto vagueia sobre a casa ou sobe para o telhado e desaparece
preguiçosamente. O resultado é que as vigas têm festões de teias de aranha
enegrecidas, e fuligem adere às telhas de madeira. O chefe da casa dá graças
pela comida, e então os convidados são chamados até ao fogão a lenha e se juntam à boa comida diretamente das panelas. O fogão a lenha é um longo túnel com uma
placa no topo com buracos para cada uma das panelas. A madeira é o combustível
e queima sob as placas. Cada um se serve da refeição sobre a placa esmaltada, e
ao retirar seu talher, senta-se numa tábua de madeira e sobre seus joelhos o
prato, continua a desfrutar o seu jantar. Os cães (agora amigos próximos),
talvez alguns gatos, certamente um número de galinhas, e às vezes alguns porcos
encontram-se presos neste horário.
Antes que a refeição termine, o
povo está chegando para a reunião. As senhoras vão ajudar na cozinha e
juntam-se à família observando os convidados comendo seu jantar. O café é servido
em poucos copos, o que torna os convidados verdadeiramente gratos. Uma ou duas
lamparinas minúsculas são acesas, que dão muita fumaça e pouca luminosidade.
Tudo vai se ajeitando para a reunião. A sala e cada parte da casa estão cheias
de gente, muitos dos quais têm vindo vários quilômetros. A primeira metade da
reunião é tomada cantando hinos ou ensinando um novo coro até que todos estejam
presentes. Todos os que chegam apertam as mãos de todos os que chegaram antes
deles, sem omitir o menor, e muitas vezes repetem o processo quando vão embora.
Se houver cinquenta pessoas, cada um dos recém-chegados, incluindo o pregador,
terá que apertar as mãos cinquenta vezes. Depois da oração, para a qual todos
se levantam, a pregação começa. A lamparina dá uma luz fraca, e a fumaça dela às
vezes atormenta o pregador. O ambiente é quente e mais adequado para a
transpiração do que a respiração, mas essas desvantagens são muitas vezes
esquecidas quando o pregador aquece o seu assunto. O povo escuta atentamente, o
pregador tem que ser de um tipo muito simples e caseiro. Qual é o resultado?
Humanamente falando, esperar que uma reunião tenha muito efeito, parece tolice. É
preciso lembrar que o Evangelho é o Poder de Deus, e as vidas mudadas como as de nosso anfitrião e dos visitantes são as provas disso. Quando isto se realiza,
sente-se que vale a pena continuar semeando a Palavra, levando a mensagem sobre
vale e colina, regozijando-se em ser portador das "Boas Novas". A
reunião termina com um hino e uma oração, e há uma pausa muito longa.
Provavelmente levará cerca de meia hora antes que o último vá embora, depois de
apertar as mãos. Então é oferecido ao pregador seu quarto. Ele dorme em um
colchão de palha, colocado sobre tábuas, muito curto. Chega a manhã, e o pregador
se levanta. Café e, em seguida, tempo suficiente antes da primeira refeição.
Esta é uma repetição de ontem à noite. Depois disso, a família realiza o "culto
doméstico". Para isso, acompanham o calendário de texto, que dá a
referência para a porção da Lição das Escrituras. Isto é lido, toda a família
em pé, e a passagem é comentada, e então o chefe de família ora. Os cavalos
foram preparados e estão prontos, de modo que o pregador, após uma breve
oração, diz adeus à família, monta e cavalga para a próxima visita.
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Relação dos Hinos e Cânticos de autoria de Willaim
Anglin
HC 103 – VINDE JÁ
HC 118 – IDE, CHAMAI
HC 174 – AMO OS CORDEIRINHOS
HC 182 – BELÉM
HC 186 – O BATISMO
HC 207 – CRENTES, ORAI E VIGIAI!
HC 394 – VENHO, Ó SALVADOR, PEDIR
HC 452 – SUA GRAÇA BASTA
HC 454 – ÉS MEU AMIGO
HC 475 – ORAÇÃO
HC 509 – SEU INFINITO AMOR
HC 511 – SOFRIMENTO
HC 516 – GRAÇA SEM IGUAL
HC 585 – NÃO FOI POR NOSSO AMOR
HC 587 – RECORDAMO-NOS DE TI
HC 588 – ATÉ A CRUZ
HC 651 – JESUS, MEU GRANDE SALVADOR
HC 654 – COMO POSSO EU ESQUECER?
HC 655 – JESUS AMOR MOSTROU-ME
HC 657 – TEU SANGUE PURIFICA
HC 667 – CRISTO, MEU REDENTOR
HC 668 – TU, SENHOR, ÉS NOSSO AMIGO
HC 669 – TU ÉS DIGNO
HC 707 – GRAÇA PRA MIM
HC 754 – JESUS ME RESGATOU
HC 759 – CANTAMOS, FOLGAMOS
HC 764 – GRAÇAS DAMOS
Foi um grande amigo de meu pai, DARIO BOECHAT PINTO, hospedando-se em nossa casa na Mata do Valão, em Itaperuna-RJ. Levou meus pais e os outros 6 filhos para uma temporada na casa de Marataízes. Era pessoa de grande cultura e maior CORAÇÃO. Um grande pregador do AMOR! Em minha juventude, chegou a corresponder-se comigo! Suas cartas foram perdidas numa enchente! Uma pena! Eram a constante repetição de Primeira Coríntios 13, sempre com novas formas e motivações! Nos meus 9 anos, na Mata do Valão, ensinou-me a cantar o seu Hino, Lá Fora de Jerusalém!Vida devotada ao EVANGELHO DE CRISTO!Impossível esquecer sua pessoa e as lições!
ResponderExcluirO Hino que ensinou-me é 133 de Hinos e Cânticos.
ExcluirNão o conheci pessoalmente, todavia sempre ouvi de meus avós algo semelhante ao que o irmão descreveu. Muito obrigado irmão pela contribuição deste testemunho detalhado! São nos detalhes, colhendo um pouco de informação de cada é que conseguimos manter e/ou resgatar nossa rica e preciosa história! O Hino 133, está entre os 63 que tem a participação deste irmão, cujo hino foi o tradutor para a língua portuguesa, porém só relacionei os de sua autoria. Mias uma vez, obrigado pela contribuição!
ExcluirConvivi com alguns dos Irmãos de nossa história! Não deixe delembrar o Irmão ADOLFO MUNIZ, que faleceu em nossa casa! Muito simples! Paupérrimo! Um batalhador do EVANGELHO! Verdadeiro PASTOR por vocação! Vivia de contribuições dos Irmãos e fabricação artesanal de laços e cabrestos! Andava muito a pé para cumprir sua missão.
ExcluirConheci bem pouco . Eu era um detento dentro de um carcere , e recebia revistas para estudar a Palavra de Deus enviada pelos irmãos dessa obra missionária . eu conheci Jesus na cadeia , pois ouvia falar de Jesus em liberdade mas não dava crédito . Quando passei por dores de estar dentro de um carcere aí sim eu conheci verdadeiramente quem era Jesus . Olha foi a melhor coisa que aconteceu comigo ir preso , pois foi lá que conheci esse Deus Maravilhoso , esse Jesus tremendo . Por esses estudos e pela Palavra de Deus eu estou liberto em Cristo desde de 1999 até o dia de hoje e creio que é até a vinda do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo . Estou a 16 anos em liberdade louvando e glorificando o nome Santo do Senhor Jesus oh glórias . Deus abençoe a todos os irmãos que me ajudaram a chegar até aqui como o nosso Deus nos permitiu . Que o Senhor nosso Deus acrescente muitas bençãos a todos em nome de Jesus .Estou feliz por poder mexer em um computador e conhecer essa linda história desses homens de Deus que foi enviado de outro país para nos evangelizar para que naquele dia possamos estar todos juntos do Pai , do Filho e do Espirito Santo e de todos os salvos dessa terra amém . Sempre guardeia essa oração profética para mim de Jesus no livro de João 17.20,21 e creio que muitos ainda vão ouvir e crê que Jesus é o único que pode nos levar até o Pai amém A paz a todos em nome de Jesus
ResponderExcluirAmado irmão vocês são simplesmente Cristãos?
ResponderExcluirRomanos 16:16.
Que a paz do Senhor seja com vocês.
Meu pai, Antônio Romano, nascido em 1904, foi contemporâneo dos missionários Stuart Edmund McNair, Albert Storrie, William John Goldsmith, William Anglin, Kenneth e Dorothy Jones, Phllys Dunning e um grande número de outros missionários brasileiros que espalharam a mensagem do amor e da graça divinas pela Zona da Mata.
ResponderExcluirDele (meu pai) e de minha mãe, ouvi muitas histórias de como "as coisas eram difíceis". Aprendi, principalmente, a ser condizente com minha fé - exemplo que os ingleses sempre deram. Foi dessa postura firme diante dos ensinos da Palavra de Deus que um dia ouvi de uma pessoa a seguinte frase: "Se existe uma mulher santa sobre a terra, essa é a Dona Phillys!"
Às vezes, eu me pego pensando...
Sei que vou vê-los no céu. Vai ser muito bom ter comunhão com eles.
(Zenas Romano)
MEUS CAROS:
ResponderExcluirGOSTARIA DE SABER SE VOCÊS TÊM INFORMAÇÕES OU A BIOGRAFIA OU QUALQUER TEXTO SOBRE A. E. KNIGHT QUE É O AUTOR DO LIVRO "HISTÓRIA DO CRISTIANISMO", ATUALMENTE EDITADO PELA CPAD. PROCUREI NA INTERNET E NÃO ACHEI NADA SOBRE A VIDA E OBRA DE A. E. KNIGHT. PODEM ME AJUDAR? É SÓ ENVIAR PARA marcussaothiago@gmail.com GRATO!
Como é doce e ao mesmo tempo constrangedor para nós ver o quanto sofreram e se empenharam homens de Deus que dedicaram sua vida à evangelização e fortalecimento da fé de novos convertidos. Esses heróis, homens e mulheres, muitas vezes deixaram seu país, seu conforto para atender o 'ide" de Jesus.
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