Nascido aos 10 de fevereiro de 1901, em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, nos Açores, Portugal, João de Souza Condinho Júnior era filho de João de Souza Condinho e Margarida Amélia Rebelo Botelho, e teve cinco irmãos.
Ainda bem jovem, em 15 de dezembro de 1923, casou-se com Gilda dos Reis Condinho, nascida aos 23 de março de 1900. Maria Margarida, filha única do casal, nasceu em 8 de outubro de 1924. Ambas, Gilda e Maria Margarida, eram também naturais de Ponta Delgada.
João Condinho e Gilda tiveram quatro netos, do casamento de Maria Margarida com Zenas de Resende Vieira, e cinco bisnetos.
O casal viveu 55 anos de casamento, até o falecimento de Gilda Condinho em 17 de junho de 1978.

A crise econômica nos Açores, principalmente por conta do impacto da Primeira Guerra Mundial, causou a emigração de muitos açorianos para outros países, motivo pelo qual, João Condinho e família deixaram seu país em busca de melhores condições de vida no Brasil. Sendo assim, embarcaram no navio Ceará em setembro de 1926, o casal e a filhinha Maria, então com um ano de idade, chegou no Rio de Janeiro no dia 13 de outubro do mesmo ano, onde fixaram residência por 36 anos. Moraram em Vila Isabel e posteriormente na Taquara da Tijuca.
De origem católica, converteu-se ao Evangelho já no Brasil, tornando-se grande estudioso e conhecedor das Escrituras. Foi um servo fiel e exemplar, incansável trabalhador na obra do Senhor, servindo como presbítero, pregador e ensinador.
Sua conversão se deu através da sua cunhada, Carolina Tavares, que havia se convertido e frequentava as reuniões na Casa de Oração à rua São Carlos, quando o convidou pra assistir a uma reunião. Ele hesitou se desculpando que não tinha sapatos adequados para esse fim. Ao saber desse fato, um irmão, provavelmente
Edward Percy Ellis, prontamente providenciou um par de sapatos, ficando ele sem desculpas. Sendo assim, ele, sua esposa e a filha atendendo ao convite, ouviram o Evangelho e foram por ele impactados, convertendo-se em 30 de setembro de 1934. Em 13 de janeiro de 1935, ele e sua esposa foram batizados pelo irmão Ellis. O mesmo irmão batizou também Margarida, sua filha, em 23 de julho de 1939. Aos poucos, outros parentes foram se convertendo.
Desde então, até o fim de seus dias, João Condinho se dedicou intensamente ao Evangelho.
Abriu as portas de sua casa para reuniões semanais, sob a responsabilidade da igreja de São Carlos. Devido ao número crescente de pessoas que frequentavam assiduamente, tornou-se necessário um espaço maior para se reunirem. Assim sendo, começaram a investir no projeto de um salão, de cuja construção João Condinho participou ativamente, vindo a ser a Casa de Oração da Taquara da Tijuca, inaugurada por volta de maio de 1954.
Inauguração da Casa de Oração da Taquara - Rio de Janeiro
Serviu como presbítero na Casa de Oração de São Carlos, no Rio, assim como na Casa de Oração de Conselheiro Lafaiete/MG, onde, em 1962, foi recebido como membro da igreja, juntamente com sua esposa, ocasião em que mudaram-se para esta cidade.
Frequentemente visitava e cooperava em outras localidades, contando sempre com o apoio de D. Gilda, Zenas e Margarida, e posteriormente, da segunda esposa, Hélia.
Quando veio para o Brasil, ficaram algumas contas a serem liquidadas em Portugal, inclusive com o médico que fez o parto de sua esposa. Passaram-se 13 anos até que se tornou possível o acerto dessas pendências. João Condinho providenciou então, sua viagem, saindo do Rio no dia 11 de agosto de 1939, chegando em sua terra natal, no dia 27 do mesmo mês. Por lá ficou quase quatro meses. Nesse tempo, aproveitou bastante a companhia de seu pai, irmãos e parentes, valendo-se dessa oportunidade para evangelizá-los, assim como também a amigos. Visitou algumas igrejas, tendo a oportunidade de pregar em algumas delas. Em Lisboa, encontrou alguns irmãos em Cristo como
George Howes e
José Ilídio Freire.
Feitos os acertos, deixando tudo quitado, e a semente do Evangelho plantada no coração de muitos, voltou então ao Brasil, chegando no dia 2 de dezembro daquele ano.
Em março de 1951, fundou a Editora Dois Irmãos, cujos serviços, dentre outros, era a revisão e publicação de material evangélico: livros, folhetos, e, a partir de 1956, as revistas da Escola Dominical (essas que são utilizadas ainda hoje em nossas Escolas Dominicais).
Como empreendedor gostava de inovar, tendo passado ao longo de sua vida, por diversos segmentos de trabalho: salsicharia, editora, granja, sericicultura...
Uma prática muito presente na vida do casal era a hospitalidade. Estavam sempre com a casa cheia. Recebiam e acolhiam muitas pessoas, e até famílias em diversas situações. Muitos que vinham de Portugal e de outros países, eram recebidos em sua casa, e a tinham como ponto de apoio, onde permaneciam até se estabelecerem definitivamente. Alguns passavam temporada, outros eram recebidos para repouso e tratamento de saúde. Frequentemente eram visitados por parentes, amigos e irmãos em Cristo. Haviam situações em que recebiam pessoas que passavam a residir com eles, alguns dos quais se tornaram filhos adotivos por terem sido criados pelo casal desde a infância. Em alguns casos, eram preparadas moradias, para aqueles que vinham trabalhar em sua propriedade, e que tinham família. D. Gilda se dedicava na administração de toda essa movimentação. Sua demanda era acolher e atender os hóspedes e moradores da casa nas suas necessidades e solicitações, manter a organização da casa e orientar nas tarefas diárias. Dessa forma, muitas dessas pessoas e famílias vieram a conhecer o Evangelho, se converteram e, consequentemente, vários de seus descendentes. Pela graça de Deus, muitos permanecem na igreja.
Zenas, seu genro, havia se mudado com a família para Conselheiro Lafaiete/MG. Por esse motivo, João Condinho e esposa decidiram acompanhá-los. A mudança ocorreu em agosto de 1962.
Então adquiriu um terreno e o transformou num sítio ao qual deu o nome de Granja das Hortênsias. Criava galinhas, codornas, porcos, bicho da seda, cultivava frutas e mantinha um mini zoológico com diversos animais, incluindo aves exóticas... O lugar tornou-se uma opção para passeios, confraternizações entre grupos evangélicos, escolas faziam excursões com seus alunos... de maneira que a movimentação era constante. Frequentemente eram realizadas reuniões sociais para confraternização e brincadeiras em que participavam irmãos e amigos da redondeza, sendo o primeiro evento na data de 1º de janeiro de 1965. Esses encontros continuaram ao longo de várias décadas.
Granja das Hortênsias
Na foto de baixo: 1963 - Zenas R. Vieira, João Condinho, Gilda,
Elsie Ainsworth
Sentiu no seu coração o desejo de construir na Granja das Hortênsias, um local para reuniões, onde eram realizadas reuniões de oração às quartas feiras a noite, e reuniões de pregação do Evangelho aos domingos à tarde. Hinos eram tocados no alto-falante, antes das reuniões, sendo ouvidos nos bairros mais próximos, anunciando que em breve iniciaria uma reunião. Presume-se que essas reuniões tenham-se iniciado em abril de 1964, e os irmãos da Casa de Oração do Bairro de Lourdes cooperavam regularmente. O trabalho recebeu também a cooperação dos missionários John R. Davies, sua esposa, D. Blodwen, e Geny de Souza, cooperadora do casal, quando, por volta de 1965, chegaram a Conselheiro Lafaiete. Estabeleceram-se na Granja das Hortênsias, permanecendo até 1970, quando voltaram ao País de Gales, seu país de origem. Muito cooperaram no trabalho evangelístico em Conselheiro Lafaiete.
Ajuntamento dos irmãos à esquerda e a Casa de Oração na Granja das Hortênsias.
Alguns anos depois, foi criado o IBR – Instituto Bíblico Rural que, periodicamente, realizava retiros espirituais. Foram onze temporadas entre 1967 e 1972, que visavam exclusivamente o estudo da Palavra de Deus e a edificação dos participantes, tendo como tema geral o versículo de Gl 3:28: “...Todos vós sois um em Cristo Jesus”. Era um tempo intensivo de reuniões, durante 3 a 5 dias, duas vezes por ano, nos meses de fevereiro e julho, e aconteciam na Casa de Oração da Granja das Hortênsias, sendo que, no domingo, todos os acampantes se deslocavam para a Casa de Oração do Bairro de Lourdes onde aconteciam as reuniões.
Os participantes desses encontros vinham de diversas localidades, e os que vinham de outros estados ou cidades mais distantes, contavam com o suporte necessário de hospedagem.
Ministrantes do IBR - Julho de 1971
A partir da esquerda: João Condinho, John Rees, Zenas R. Vieira, John Goldsmith,
Vassílios Constantinides, Uziel Teixeira, Olaf Ellis, Joaquim Rocha
Em 1980, aos 05 de julho, João Condinho casou-se em segundas núpcias com Hélia Ribeiro Condinho, em Fervedouro-MG. Sendo Hélia muito envolvida na obra do Senhor naquela localidade, o casal decidiu permanecer ali por alguns anos, talvez uns quatro, retornando então para Conselheiro Lafaiete.
Nos anos que se seguiram, serviu na Casa de Oração em Conselheiro Lafaiete, já com suas limitações por conta da idade avançada e visão comprometida.
Estando sob os cuidados de sua esposa, Hélia, e da família, partiu para o Senhor no dia 13 de outubro de 1990, deixando o exemplo de dedicação e lealdade ao Senhor.
Suas últimas palavras foram as de Mateus 11:28: “Vinde a Mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei”.
Hélia Condinho nasceu em 27 de novembro de 1928 e faleceu em 03 de maio de 2024, aos 95 anos. Desde cedo foi muito ativa na obra do Senhor. Tinha um dom especial para lidar com enfermos e idosos; ajudava famílias na criação de seus filhos; foi cooperadora do casal John Goldsmith e Laura Garcia por muitos anos, ocasião em que datilografava material da APEC - Aliança Pró Evangelização de Crianças, traduzido para o português pelo irmão John Goldsmith.
Texto de sua neta, Margarida.
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UMA AVENTURA PELA REGIÃO DO RIO DOCE-MG
Certa ocasião, João Condinho e os irmãos E. Percy Ellis, Manuel Condinho e Crisanto Filgueiras, partiram para uma viagem à região do Rio Doce/MG, passando por várias cidades, visitando igrejas e famílias daquelas localidades. O objetivo principal da viagem foi a inauguração da Casa de Oração de Mantena, em 26 de junho de 1949, onde permaneceram por três dias realizando reuniões, batismos, visitas a enfermos, etc.
Seguindo viagem, visitavam irmãos e igrejas ao longo do caminho, e assim foram regressando até chegarem de volta ao Rio no dia 07 de julho, depois de 18 dias de viagem.
Foi uma viagem de aventuras, porquanto passaram por situações perigosas e inusitadas, como atoleiros por longas distâncias, tendo que utilizar caminhões e até tração animal para rebocar a camionete em que estavam, travessia de rios em balsas, alguns trechos tiveram que fazer a cavalo, outros a pé, contudo não se desanimaram, pelo contrário, se mantinham sempre bem dispostos.
Inauguração da nova Casa de Oração em Mantena-MG
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