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THOMAS MOSES

 


            Thomas Moses nasceu a 15 de julho de 1902 em Coatbridge, uma cidade situada em North Lanarkshire, Escócia. Filho de John e Jane Moses, foi criado num lar cristão em Loanhead, próximo a Edimburgo.

                O jovem Tom Moses trabalhou numa usina de aço em sua cidade. Um dia, quando trabalhava nas fornalhas, na fabricação de bombas para ataques aéreos, uma delas explodiu, cegando-lhe a vista direita. Seu amigo desde a infância que trabalhava no setor ao lado, foi o primeiro a acudi-lo. Esse amigo era Peter Marshall, que mais tarde se tornou um dos mais populares pregadores dos Estados Unidos de sua época, cuja vida foi retratada em 1955 no filme "A Man Called Peter", produzido pela 20Th Century Studios, que no Brasil foi lançado pelo nome "Para Todo o Sempre".

Deus deu a Tom Moses o dom da Palavra, de forma a animar, encorajar e emocionar seus ouvintes. Mas ele foi despertado em usar desse dom a serviço da obra missionária. O desejo de Thomas Moses em trabalhar no campo era tão grande que, mesmo sem o apoio de uma missão, ele percorreu o País de Gales e a Escócia visitando amigos e irmãos a fim de se preparar e buscar o apoio necessário. Foi então que em 1926, o jovem Tom Moses deixou o Reino Unido, sozinho, embarcando com destino a São Luis no Maranhão.

                No Maranhão, ele auxiliou a assembleia Ebenézer na capital e logo em seguida, a assembleia no bairro Anil, onde reunia o Sr. Miguel Mattar que muito apoiou o trabalho de Thomas Moses. Sr. Mattar era dono de uma fábrica de tecidos no Anil, e contribuiu de forma significativa para a construção de alguns templos no Maranhão. Muito colaborou com o serviço do Sr. McNair no Brasil. O prédio da igreja no centro de São Luis que Sr. Mattar ajudou a erguer, tinha a palavra “Ebenézer” moldada em sua fachada, e no Anil, as palavras “Igreja do Salvador”. Por meio desses títulos ele tentou dar a conhecer, da melhor maneira que pôde, que eles não eram denominacionais.

                Durante oito anos, Tom Moses trabalhou sozinho no Maranhão, até que no final de 1934, em Lambeth na Inglaterra, se casou com a Senhorita Winifred Gladys Thompson, da qual, de igual forma, nutria a visão missionária. O casal foi recomendado pela Assembleia em Coatdyke e se instalou em São Luis.

Sra. Winifred Moses

               Naquela época a perseguição aos missionários era muito grande e hostil. Algumas autoridades, mesmo sem o respaldo da lei que garantia a liberdade religiosa, procuravam proibir a pregação do Evangelho, principalmente por parte do chefe de polícia de Anil. Sr. Moses enviou um telegrama ao Comissário da região solicitando que a liberdade garantida por lei fosse respeitada, e recebeu a resposta positiva. Mas ainda assim, Sr. Moses continuou sendo perseguido por parte da população, às vezes, por ordem do padre local. Certa ocasião, após Tom Moses ser abordado e questionado pelo padre, foi apedrejado por alguns populares, mas sem grave ferimento. Isso chegou ao conhecimento do Governador do Estado que emitiu uma carta ao Sr. Moses, e que, a partir daí, passou a ter uma recepção cívica. O mesmo privilégio não teve outro irmão da Assembleia Ebenézer, que após a pregação do Evangelho veio a óbito ao ser apedrejado por populares lideradas pelo líder religioso. Entretanto, as duas assembleias estavam crescendo, batizando novos convertidos e discipulando nas Escolas Dominicais.


                Em 1936, Sr. Moses fez quatro viagens arriscadas pelo interior, três delas acompanhado pela esposa. A primeira jornada foi através do rio Pindaré, que tiveram o privilégio em auxiliar a abertura do salão para reuniões. Os poucos crentes daquela localidade sofriam bastante perseguição e havia ali um homem que era temido por todos na região, e uma de suas ideias era se livrar das pessoas chamadas “Protestantes”. Aquele homem preparou suas armas, e juntamente com um colega se dirigiu a uma das reuniões. Mas, pela graça de Deus, aquele homem saiu dali convertido. As segundas e terceiras viagens foram pelo rio Mearim. O lugar ofereceu grandes esperanças, sendo geograficamente a cidade-chave para toda a extremidade inferior do Vale do Mearim. Entretanto, tinham pouca comida e não havia onde comprar. Os insetos prevaleciam à noite por toda a parte. Além disso, a estação das chuvas estava bem avançada e houve inundação de costume. Para chegar ao local da reunião, tiveram que caminhar através de pântanos e deslizar ao longo de árvores lamacentas, cujos troncos serviam de pontes. Uma noite com uma tempestade os tirou o jantar destruindo toda a comida, e quase destruiu a barraca portátil também. No entanto, foram recompensados pelo que Deus realizou na vida daquele povo do interior durante aquela jornada. Em seu serviço missionário, Thomas Moses auxiliou ainda o trabalho no Pará, e na Guiana Britânica.

Sala de Reunião da Floresta Windsor na Guiana Britânica
Foto tirada por Thomas Moses em 1938.

                Em 1937, nasceu a primeira filha do casal, Jean Doris Moses, que se tornou uma excelente professora em São Luis. Quatro anos depois, nasceu sua irmã, Irene Marion Moses.

                Em sua jornada missionária pelo Estado do Maranhão, Tom Moses coletou material botânico dos principais rios, destinando-os aos jardins botânicos de Londres, Nova York, Edimburgo e Miami. Prestou serviços ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sendo eleito seu representante no Maranhão.

                Em dezembro de 1942, Sr. Moses passou a trabalhar para o consulado americano e deixou o serviço missionário em tempo integral. Foi bem-sucedido no serviço consular, sendo nomeado em 1948, secretário de Estado norte-americano, em nome do governo estadunidense, para exercer elevadas funções da agência consular. Eis talvez o motivo pelo qual muitos pensarem que o escocês Thomas Moses fosse americano. Ele criou o Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos (ICBEU) e por seus excelentes serviços prestados ao Governo Americano, foi à época o único estrangeiro a ser condecorado pelo departamento de Estado de Washington com o Meriotorius Service Ziwards. Dentre outros grandes feitos em seu serviço no consulado, atuou como Capelão das Forças Armadas Americanas durante a Segunda Guerra na cidade maranhense de Carolina.



                Thomas Moses “descobriu” um outro Maranhão para os maranhenses. O Maranhão do babaçu, onde na realização de seus estudos, inventou uma máquina para quebrar coco. Descobriu a palmeira como fonte de riqueza industrial ao estimular a extração de seu óleo e assim, impulsionando a exportação. Dedicou-se às pesquisas sobre a flora brasileira, sendo eleito membro da Sociedade de Mineração dos Estados Unidos. Das palmáceas, catalogou mais de 200 espécies na América Latina, o que o levou a ministrar aulas nas Universidades de Glasgow, Escócia; da Grã-Bretanha; e dos Estados Unidos; e dos estados brasileiros do Piauí, Maranhão, Ceará, Rio de Janeiro, e Amapá.

                Integrou muitas instituições culturais, sendo sócio do IHGM (Cadeira 2), da Sociedade Brasileira de Geografia e da Associação Brasileira de Imprensa. Escreveu artigos científicos em jornais, revistas, inclusive nas Seleções do Reader Digest: autor do Mapa Geo-Econômico do Maranhão e foi autor dos livros: Taba Timbira, Curiosidades do Maranhão, e Maranhão por Dentro e Por Fora, sendo condecorado com a Medalha dos 350 anos de São Luís, pelo Governo do Maranhão.

                No final do ano de 1959, Thomas Moses foi levado as pressas para o Rio para cuidar da saúde, onde foi submetido a uma cirurgia estomacal. Nessa ocasião, Sr. Kenneth Jones o visitou no hospital e relatou que embora fraco, a cirurgia foi bem-sucedida, resultando em boa recuperação.

                 Embora suas múltiplas atividades, Thomas Moses permaneceu pregando no templo da Igreja Ebenézer, em São Luis. Foi chamada à Santa presença do Senhor no dia 21 de março de 1970, na capital maranhense.




                


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