Mary Netherton nasceu em 08 de
agosto de 1914, em Stanley, na cidade de Consett, Inglaterra. Filha de Joseph e
Charlotte Netherton, foi criada em um lar cristão. Mary se converteu ao Senhor em
1926, aos 12 anos de idade, e em maio daquele ano foi batizada, congregando com
os irmãos da Assembleia de Consett.
Desde cedo Mary sentiu o desejo pela enfermagem, julgando que poderia usar sua
profissão como um serviço ao Senhor, e, seu pai, padeiro autônomo, não mediu
esforços para auxiliar nos estudos da filha, que se formou pelo Instituto
Bíblico Glasgow de Treinamento. Ela pôde adquirir experiências num asilo para
mulheres em Croydon no período de 1932 a 1934.
“Desde
que entreguei meu coração e minha vida ao Senhor, meu único objetivo foi
conhecê-lo, e servi-lo quando fosse chamada por Ele. Seu amor realmente encheu meu
coração e a vida n’Ele me constrangeu, e me deu um desejo ardente de contar e
espalhar Seu amor redentor, e Poder para dar a Vida Eterna. Sinto que posso
dizer que meu desejo é que Cristo seja engrandecido em muitos, e que Sua Glória
seja meu único objetivo.” Escreveu Mary.
A
irmã Mary Netherton sentiu o chamado para servir ao Senhor no trabalho
missionário, mas então veio a Segunda Guerra Mundial, da qual se dedicou no
cuidado aos enfermos. Passada a Guerra, nossa irmã estava, enfim, pronta para o
“ide”. Ela foi recomendada para o serviço por duas igrejas da Inglaterra, Rye
Lane Gospel Hall, na Rua Heaton, em Peckham Rye e Berwick Hall em Gateshead. Até
que no dia 8 de outubro de 1948, despediu-se de sua família na Inglaterra, embarcando no navio Alcantara através do porto de Southampton, rumo ao Brasil,
cuja despesa da passagem foi providenciada pelos seus pais. Desembarcou no Rio
de Janeiro no dia 22 de outubro, e dali, partiu rumo a Carangola, onde passou por
um período de adaptação aprendendo a língua portuguesa com o Sr. WilliamAnglin.
Após
o período de adaptação, no início de 1950, fixou residência em Ponte Alta, na
casa dos irmãos Valdinho e Belinha, onde muitas vezes, Dona Maria Inglesa, como
ficou conhecida pelos brasileiros, cumpria sua missão a pé pela região,
visitando os doentes e evangelizando. Ali também cooperou com uma classe para
crianças, utilizando os recursos de um flanelógrafo.
Em
1952, após muitas orações e uma breve visita à Inglaterra, ela foi morar em São
Francisco da Glória em uma casa que mandou construir. Na região, em companhia
dos irmãos evangelistas Antônio Alves Monteiro e José Dutra, sofreu dura perseguição
por parte da população religiosa, muitos influenciados por seu líder, o Padre
Bruno. O antecessor do Padre Bruno na cidade, Padre Ernesto, se converteu após
muitas conversas com o irmão Antônio sobre o caminho da salvação, e isso pôde
ter sido o motivo de tanta oposição. Em novembro de 1953, houve uma procissão
que parou propositalmente na porta da casa de Mary, e as pessoas gritaram
exigindo a saída da missionária, ameaçando arrastá-la para fora e sob ameaças de
queimar a casa, até que a Mão do Senhor os impediu de entrar, enviando, em duas
ocasiões, forte tempestade, dispersando assim a multidão. Foram dias difíceis
com forte oposição e perseguição a ponto de numa ocasião, três mulheres
perseguirem D. Mary pela rua, forçando-a a voltar para casa. Noutra feita,
quando os irmãos evangelistas, Antônio Monteiro e José Dutra, estavam pregando
ao ar livre, foram notificados pelo delegado local que o Padre Bruno estava
planejando um ataque através de homens maldosos, e não demorou muito até que uma
pedra atingiu a testa do irmão Antônio Alves, que caiu inconsciente. Passava
por ali naquele momento, um vizinho de D. Mary por nome de José Luis, a quem
tinha muito apreço, e por ser conhecido na região como um matador muito temido, populares
que estavam furiosos, vendo-o chegar, se dispersaram. As notícias sobre as
perseguições estavam chegando na Inglaterra, e a igreja se colocou no caminho
da oração, até que em 1954 o Padre Bruno foi removido da região, e a partir
dali, não mais se ouviu manifestações contrárias. O Evangelho foi anunciado livremente
nas regiões, e reuniões ao ar livre com 200 ouvintes.
D.
Mary Netherton, por onde passou, contribuiu muito com o trabalho infantil, montando
classes e preparando material. Ajudou o Sr. Anglin levando as crianças nas
férias para a Marataízes-ES a fim de conhecerem o mar.
Foi
por volta de 1958 que D. Mary Netherton foi morar em Carangola, reunindo com os
irmãos do bairro Triangulo, onde também construiu uma residência. A igreja
mantinha dois pontos de pregação e até que veio o momento de erguer uma Casa de
Oração no bairro Santo Onofre, cuja inauguração se deu no dia 4 de outubro de
1960, com a presença aproximada de 400 a 500 pessoas, cujos preletores foram os
Srs. Albert Storrie e John McClelland.
Momento
de felicidade na vida da missionária foi quando em 1963, chega ao Brasil, sua
irmã, Enid Netherton, que ficou conhecida pelos brasileiros como Irmã Enedina.
Residiram no bairro Ouro Verde onde construíram uma casa. As irmãs ajudaram as
jovens no aprendizado do tricô e crochê, ensinando evangelizando.
D.
Mary Netherton veio a falecer em casa no dia 11 de setembro de 1970, aos 56
anos de idade, após complicações renais onde já havia passado por cirurgia. Foi
sepultada em Carangola. D. Enid, permaneceu por alguns meses na cidade e voltou
para a Inglaterra, onde partiu para o Senhor em 03 de dezembro de 2017, aos 99
anos de idade.
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