Nasceu em Lisboa, em 07 de dezembro de 1849. Filho
de comerciantes ingleses, optou pela cidadania britânica. Seus pais ensinaram-lhe a Bíblia de que ele, já um rapaz, conhecia de cor muitos capítulos. Apesar de tudo isto, passou por grandes lutas internas, procurando tornar-se religioso e chegou a ser instrutor na escola dominical na esperança de assim vencer o pecado e alcançar a salvação, ficando, porém, de cada vez com uma mais forte e tremenda convicção de que era um pecador indigno e perdido.
Certa noite, depois de enorme luta, veio-lhe de repente à memória a afirmação de Cristo: -“Aqueles que estão sãos não necessitam de médico, senão os que estão enfermos, porque eu não vim a chamar os justos mas os pecadores”. A luz bendita penetrou-lhe então na alma e clamou: “Senhor, se há neste mundo enfermo, sou eu esse; se há um pecador que necessita da salvação, ei-lo aqui!”. Sentiu o amor de Deus inundar a sua alma e, de ali em diante, embora fraco se sentisse ainda, embora dando bastantes quedas, procurou seguir seu Salvador.
Também foi comerciante, de 1865 a 1875 trabalhou na empresa de seus parentes, exportadora de café brasileiro, a "Maxwell, Wright and Company" até se achar auxiliando o
célebre pregador Dwight Lyman Moody, numa Campanha Evangelística em Londres, e,
em e 1875, dedicou-se à Evangelização na Inglaterra e
Escócia e também como Colportor da Sociedade Bíblica.
Por mais de cinco anos o sr. Wright foi um dos que
mais se destacou na evangelização entre os países de língua portuguesa, atuando
na Ilha da Madeira e Arquipélago dos Açores. Achava que Deus o queria como
missionário na China, porém optou iniciar em Portugal ao constatar falta de
Obreiros para as regiões onde se fala língua portuguesa.
Esteve no Brasil quatro vezes: 1881-1882,
1890-1891, 1893 e 1914, sendo a primeira a convite do industrial e Presbítero
da Igreja Fluminense, José Luiz
Fernandes Braga, (Braga era Português de nascimento e radicado no Brasil,
morava na cidade do Porto, Portugal). Pregou a grandes multidões em locais
públicos em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades.
Encontra-se na Ata de 1882 da Igreja Evangélica Pernambucana o registro da visita de
Henry Maxwell Wright.
H.M.Wright, aos 30 anos
Em 1890, retorna ao Brasil, agora como pastor
interino da Igreja Evangélica Pernambucana, esta ligada a Igreja Evangélica
Fluminense.
Conduziu várias campanhas Evangelísticas no Brasil.
Experimentou aqui também, a infelicidade de ser preso sob a acusação de inimigo
da “religião oficial”, pois era bom pregador e após suas mensagens aconteciam
muitas decisões resultantes de verdadeiras conversões.
Em 1901, foi para os Estados Unidos e ali pregou o
Evangelho entre as Colônias Portuguesas. No mesmo, ele voltou a Portugal, casou-se com Ellen Delaforce, fixaram residência na cidade de Porto e em 1905, construíram ali
o salão evangélico da Associação Cristão de Moços.
Muito contribuiu para a hinologia nos países de
língua portuguesa, foi autor e tradutor de cerca de 200 hinos dos principais
hinários.
Possuidor de uma bela voz, era conhecido como o “Rouxinol
Português”, e tinha o hábito de ler os hinos antes de cantá-los, ressaltando o
conteúdo do texto.
Henry Maxwell Wright faleceu na cidade do Porto em
23 de janeiro de 1931, onde foi sepultado no Cemitério Britânico.
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Relatos de Stuart E. McNair sobre Henry Maxwell
Wright.
Uma vez na viagem marítima de Southampton a Lisboa
eu estava passeando na coberta do vapor quando observei um cavalheiro de nobre
aspecto sentado num banco, lendo uma Bíblia. Em seguida eu disse-lhe: “O senhor tem um bom livro ali!” Ele respondeu:
“Julguei que se alçasse a bandeira alguém
responderia.”
Logo descobri que estava falando com o Henry
Maxwell Wright, cujo nome é conhecido no meio evangélico por toda a parte onde
se fala a língua portuguesa, maiormente pelos hinos escritos ou traduzidos por
ele. Em chegando ao porto de Vigo, H.M.W disse: “Aqui há crentes. Vamos em terra visita-los.”
Ao chegarmos em terra o sr. Wright começou a
perguntar: “Donde estan los protestantes?
Donde estan los protestantes?” Dirigiram-nos a um ponto e outro, e afinal
disseram: “Subi essa escada e os
encontrareis”. Ao subir a escada achamo-nos no meio de uma pequena reunião
de oração, estando presentes umas 30 pessoas. Aconteceu estar ali também um
crente inglês, um tal Major Mackinley, e ele conversou com o sr. Wright em voz
baixa. Em seguida falou: “Está conosco
agora o Henry Maxwell Wright, conhecido pelo apelido de o Rouxinol português,
por isso vamos pedir-lhe ensinar-nos um coro evangélico.” E isso ele fez
imediatamente.
A minha amizade com H.M.W. continuou por uns 20
anos, até o fim de sua vida. Durante os três anos de minha residência em
Coimbra, ele veio frequentemente a minha casa para dirigir reuniões
evangélicas, e teve muita intimidade também com meu companheiro, o advogado Dr.
Joaquim Leite Junior. O que mais aprecio lembrar de H.M.W. é que, durante todos
os anos de nossa amizade, nunca cheguei a saber qual era a sua denominação
religiosa! Ele nunca me disse, e eu nunca perguntei. Porém por toda a parte os
interesses de Deus eram os seus interesses e o povo de Deus seus irmãos em
Cristo. Muito o respeitei e o amei, porém ele fez uma coisa que eu nunca farei:
ao falecer ele deixou 50.000 libras aos seus herdeiros. A esposa falecera antes
dele, e não houve filhos.
H.M.W contou-me dois casos que merecem ser
lembrados:
Um dia em Portugal ele viajava de trem, e havia um
padre no carro com ele. Então deu-se a seguinte conversa:
H.M.W. “Vossa
reverência, há um problema que há muito tenho desejado resolver, e agora quero
aproveitar a oportunidade. O Cristo que o senhor padre come na missa é um
Cristo vivo ou um Cristo morto?”
Padre. “Vivo
ou morto? Vivo ou morto? Que diz o Senhor?”
H.M.W “Eu não
digo nada. Pergunto porque desejo ser esclarecido. Se o Senhor come um Cristo
vivo – ora, nunca ouvi de alguém comer um homem vivo. Mas se come um Cristo
morto, então não é o Cristo que eu conheço, pois Ele está vivo junto ao Pai.
Assim o problema apresenta uma dificuldade.”
Não sei como a conversa terminou.
O sr. Wright evangelizou por alguns anos nos Açores,
e construiu ali uma Casa de Oração para os convertidos. Havia muita oposição ao
Evangelho, e um dia o subdelegado visitou-o para lhe dizer que seria necessário
não haver reunião naquela noite, pois soube que iam promover um motim.
“Eu não vou
promover motim” disse o sr. Wright. “acho
que seria melhor o senhor ir entender-se com quem vai promover a desordem, e
responsabilizá-lo pelo caso”
Assim houve a reunião, com resultado satisfatório.
Impressionante testemunho de vida e compromisso missionário, exemplo e modelo para nossa geracao.
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